Nascemos no dia 14 de Outubro de 1988, Karoline, às duas horas e dez minutos da tarde, pesando dois quilos e novecentos e sessenta gramas, com quarenta e oito centímetros, já a Karine, chegou três minutos depois, às duas horas e treze minutos da tarde, pesando dois quilos e quinhentos e sessenta gramas, com quarenta e quatro centímetros, no hospital universitário do Espírito Santo, Cassiano Antônio Moraes. Nossa mãe passou por momentos difíceis, pois a gravidez, além de ser de risco, nós passamos da hora de nascer. Foi um parto Cesário bastante complicado, quase morremos sem oxigênio na barriga, ficamos aos cuidados da pediatra Doutora Emília Mattos Gouvêa por três dias, depois tivemos alta. Mas, depois disso, nossa mãe teve que retornar ao hospital, pois teve hemorragia interna, mas graças a Deus ela resistiu e logo recebeu alta também. E então, todos, a mamãe Lindaura, o papai Paulo César, os irmãos Willian e Leonardo e, claro, as gêmeas foram para casa, localizada na Rua Cardoso de Melo, n.º 64, Itacibá-Cariacica-ES. Além de nossa mãe, papai também passou por maus momentos, isso porque não esperava duas menininhas e seu único pensamento até o momento era de como ia sustentar todos da casa. Éramos a alegria da casa, misturado à curiosidade, espanto, e porque não dizer desespero dos nossos pais que só queriam uma menina, mas Deus tinha planejado presenteá-los com duas jóias, as gêmeas K!

Os meses foram se passando, fomos crescendo e com isso vários acontecimentos engraçados foram surgindo. Minha família sempre nos confundiu e quando ficávamos doentes, pra não deixar de tratar uma com medo de dar o remédio errado, nós duas éramos submetidas a tomar o remédio. Outro fato marcante era a fome … Acordávamos todo dia às cinco e meia da manhã e atacávamos a geladeira, pegávamos a panela de feijão, colocávamos entre as pernas duma e doutra e tome feijão pra lá e pra cá. Minha mãe sempre tirava as coisas “perigosas” da parte debaixo da

geladeira para não nos machucar, e quando nos ouvia tão cedo da manhã, chamava papai e ficavam os dois observando a lambança. Outro fato engraçado é que aos nove meses de idade engatinhamos da sala até a varanda, onde meus pais estavam, daí olhamos pra eles e começamos a andar, minha mãe ficou assustada e disse para papai que estava com medo das próprias filhas.

O tempo foi passando e aos três anos fomos batizadas na Paróquia de Batismo da Virgem Maria em Itacibá, no município de Cariacica-ES, pelo padre Adriano Mageski. Estavam presentes parentes, em especial gostaríamos de citar nossos avôs paternos, Iolanda e Manoel e também nossa avó materna Zuleica isso porque nosso avô Cassiano já havia falecido. Além dos padrinhos de Karine, foram nossos tios Argemiro Dondoni e Joanita Nunes Lino e o de Karoline foram os amigos da família Jamil Alli e Marily Fernandes.

Nossa convivência com nossos avós paternos era muito boa, até o momento tínhamos mais contato com eles, isso porque além de ser perto de nossa casa, papai sempre nos levava. Quando lembramos disso, a imagem que temos de nosso avô Manoel é sempre com um semblante “assustador”, isso porque ele era muito rígido, não sabemos dizer qual foi a educação que recebera de seus pais, mas, podemos dizer que talvez isso tenha influenciado um pouco, ou quem sabe bastante, no tratamento que recebemos de nosso pai. Digo isso em relação à demonstração de afeto. Já nossa avó Iolanda, a simplicidade, a graça, a atenção dedicada a nós, sempre meiga. Isso retrata um pouco de quem era a vovó. Não lembramos de sentir tanta falta de nosso avô quando partiu, mas a perda de nossa avó, meio que chocou todos da família, mesmo sendo uma ‘morte esperada’, pois já sofria de câncer há um bom tempo. Nosso irmão menor Leonardo, o Léo, praticamente a viu partir, isso sem falar no meu papai que foi ao velório e durante o tempo que ali ficou não derramou sequer um lágrima, já Karol fingiu estar dormindo só pra ter de ficar mais tempo lá, até hoje, lembro do louvor que ela sempre ouvia quando já estava em estado terminal. Já nossa convivência com nossos avós maternos também foi muito

boa, porque como citei antes, nosso avô Cassiano já havia partido. Ele nos conheceu quando ainda bebês, já com nossa avó, tivemos a oportunidade de conviver até os 19 anos, pois ela partira em 12/07/2008 às 10:30h da manhã, e durante esses anos passamos bons momentos com ela. A casa da Vovó Zuzu, como era carinhosamente chamada, era como um “abrigo”. Sentimos falta dela!

Como todas meninas, nós sonhávamos completar os 15 anos, e sempre planejávamos nossa festa, mas quando de fato chegou a hora, a situação estava meio que difícil, financeiramente falando. Então começamos a pedir a Deus que realizasse nosso sonho e assim aconteceu. Deus começou a usar pessoas para a concretização desse sonho. E no dia 18/10/2003 era realizado o culto ao em Ações de Graça por mais um ano de vida e depois… Festa!

É importante citar que no ano anterior ao aniversário de 15 anos, a Karine foi acometida da doença chamada Toxoplasmose (doença infecciosa causada por um protozoário chamado Toxoplasmose gondi, que afetou a visão esquerda. E durante um longo período foi submetida a um forte tratamento e pela manhã tomava seis comprimidos, à tarde quatro e pela noite dois. Tratamento que fez com que seu corpo retivesse muito líquido, fazendo-a engordar 10 quilos, em duas semanas. E o tempo foi passando, e ela, cansada e já depressiva perguntou à médica quando estaria curada, foi quando a médica disse que essa doença não tinha cura e deveria continuar com o tratamento com intervalos de seis em seis meses. Depois disso, o que para muitos seria loucura, ela parou de tomar os remédios por conta própria e inconformada com o diagnóstico médico passou a buscar a Deus em prol da cura. E não encontrava mais nada a não ser uma cicatriz. Provando para os incrédulos que Deus pode curar! Aos dezessete anos, também operou o joelho para retirar o excesso da Plica Média Patelar, que cresceu devido ao esforço que fazia para jogar bola.

Dos dezessete aos dezenove anos, vários acontecimentos marcaram nossas vidas, como o casamento de meu irmão Leonardo com a Juliana,

o ingresso dele na faculdade de Engenharia Elétrica, o nascimento de seu fillho Isaque. Nossa amiga de infância Dayana ganhou seu primeiro filho Bryan; nossa mãe fez aplicação nas Varizes; nosso irmão Willian operou
o nariz para a retirada da Adenóide e nosso pai operou o joelho, e entre tantos outros fatos, nós, pela primeira vez mudamos de endereço. Agora moramos no município da Serra.

Desde pequeninas, sempre fomos muito unidas, e isso se refletia em tudo que fazíamos. Desde os cinco anos, estudamos na Escola Estadual Erinita Rodrigues Trancoso, o pré, onde ficamos até os sete anos. Logo depois fomos para a Escola Estadual de Ensino Fundamental Augusto Carvalho, onde estudamos até a terceira série. Depois passamos a estudar na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Profª Maria Penedo, onde concluímos o ensino médio. É importante lembrar que, durante todo esse período escolar, sempre fomos da mesma sala, exceto na 8ª série onde a coordenadora decidiu nos separar e notou que o rendimento de ambas caiu, e como solução teve de nos juntar novamente. E, surge à oportunidade de estudar no CEFETES, mesmo sendo um curso de Segurança do Trabalho Integrado ao Ensino Médio, tendo duração de quatro anos. Decidimos fazer mesmo assim para reforçar nosso ensino médio, e para não perder
o costume. Já estamos no quarto período, e estudamos na mesma sala. Só nos separamos mesmo para fazer os cursos extracurriculares sendo que a Karoline fez um curso básico de Informática, e a Karine um curso de Técnico em Departamento de Pessoal, Contabilidade, Publicidade, e Informática básica no período de um ano.

Com esses cursos profissionalizantes a Karine conseguiu um estágio na Polícia Técnica Científica durante um ano, sendo dispensada por término de contrato e depois, um emprego de período integral na loja de roupas Letícia Modas, onde permaneceu por sete meses como balconista tendo como motivo de saída o ingresso no CEFETES.

Já a Karoline teve seu 1º emprego com carteira assinada aos dezessete anos na empresa Carlos Saraiva Importação e Comércio Ltda., mais

conhecida com Lojas Mig, emprego esse obtido por intermédio do Instituto Gênesis, na modalidade de menor aprendiz, que além de ter aulas práticas na empresa recebia também um curso de Gramática/Redação, Matemática Simples/Comercial, Ética no Trabalho, Informática Básica, Saúde e Noções de Direito, que seriam as aulas teóricas oferecidas pelo Instituto. Ela firmou um contrato de um ano e três meses com a função de Menor Aprendiz, sendo dispensada pelo término de contrato. E aos dezoito anos, graças à experiência na carreira, na área administrativa, passou a trabalhar na empresa Cesconetto Comércio Varejista de Papelaria Ltda., conhecida com Cesconetto Magazine, ocupando o cargo de auxiliar administrativo durante nove meses, tendo como motivo de saída o ingresso no CEFETES. E no ano de 2008 conseguiu então um estágio de dois anos na polícia civil do Espírito Santo. E como trabalhos voluntários, ambas tocadas pelo Espírito Santo de Deus sustentam missionários em Cuba.

E por fim, não podemos deixar de citar que, por causa da execução desse trabalho, tivemos de pesquisar documentos e fizemos uma descoberta interessante para alguns e ‘assustadora’ para nós: Karine seria Karoline e Karoline seria Karine, mas, preferimos deixar de forma que está, afinal de contas, gostamos de ser o que somos!

Organizador: Mateus e Silva Ferreira.
Histórias: Inesperadas, Diferentes e Especiais.


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