Um dos fatos que me chocou muito foi saber que hoje eu poderia não estar nesse mundo. Quando minha avó materna ficou sabendo da gravidez de minha mãe, não suportou a idéia de ser avó, e pediu que ela abortasse a criança. Graças a Deus, meus pais descartaram essa ideia suicida e decidiram se arriscar a construir uma família.
Sou o resultado de uma noite em meados de julho. Nasci precocemente aos oito meses, em Nova Iguaçu, no dia 15 de março de 1990, não foi um nascimento muito bom, visto que minha mãe não havia percebido que a bolsa amniótica estava furada há três dias. Isso me deixou com falta de ar e ainda adquiri bronquite asmática. Quando bebê, meus pais sempre que podiam me levavam ao cinema com eles. Cresci rodeada pelos meus tios e tias, o que me ajudou a desenvolver minha fala e escrita.
Aos três anos de idade, já sabia ler e escrever, por isso nem frequentei o maternal, fui direto para o jardim, na escola particular Raio de Luar, em Nilópolis, perto da casa da minha avó materna, Maria. No ano seguinte, já passei para o C.A., também em Nilópolis, só que na escola Recanto do Saber. Já morava em Mesquita, mas estudava em Nilópolis. Uma das coisas que me lembro e que me atormenta desde os quatro anos de idade, é o medo que tenho de palhaços. Uma vez minha avó paterna, Olívia, me levou ao circo, eu gritava todo momento, por causa daquele tanto de palhaço. Então, ao final do espetáculo, minha avó teve uma idéia: pediu a uma pessoa que pintasse meu rosto igual ao de um palhaço. Quando eu me olhei no espelho e vi que era uma palhaça, desmaiei na hora, só lembro de acordar em casa com minha mãe lavando meu rosto.
Dos cinco para os seis anos, já ingressava na 1ª série do primário, na escola particular Machado de Assis, em Mesquita, e foi nesse período de
primário e de início de ginásio que me dediquei ao teatro e à dança na escola. Participava de todos os eventos artísticos da escola. O livro que li e que mais gostei, me lembro como se fosse hoje, foi um livro de Ziraldo, com o título de Uma professora muito maluquinha. Imaginava coisas e coisas quando lia aquele livro. Todos os dias eu lia aquelas cento e poucas páginas e não me cansava, já havia até decorado a história.
Quando tinha seis anos, minha avó Maria faleceu. Até hoje não sei explicar o que aconteceu comigo, pois, não estava entendendo nada naquele enterro. Todo ano eu vinha de férias aqui para o Espírito Santo, dos seis até os treze anos.
O ano de 1999, foi um ano muito importante, tanto para mim quanto para meus pais, pois, no dia 25 de setembro, eles oficializaram sua união perante a lei. Aos 11 anos, me mudei de escola, passei de uma escola particular para uma pública, lá cursei da 6ª até a 8ª do ginásio, e foi nessa escola, E.E.F.M. Pierre Plancher que descobri que o esporte não era só educação física, era atitude e saúde. Participei de torneios de futebol, fiz artes marciais, mas não competi com elas, ganhei medalhas no vôlei, futebol e corrida.
Os meus treze anos foram, até então, o pior período de minha vida, meus pais estavam desempregados e o casamento deles era afetado pela instabilidade econômica. Sorte nossa é que minha mãe fazia costuras e dava para tirar uma renda, mas teve uma época sinistra, em que fome bateu à nossa porta. Foi horrível sentir fome e não ter o que comer. Isso deixava minha mãe cada vez mais depressiva. Eu só jantava, e na casa da minha tia, ficamos sem comida em casa por quase dois meses.
Foi dos 13 para os 14 anos que minha vida mudou completamente. Saí da mesmice de morar com meus pais numa casa que mais parecia um castelo assombrado, me mudei para o estado do Espírito Santo, que verdadeiramente nos abençoou. Isso foi no ano de 2004.
Logo que nos mudamos, fui matriculada na escola Aristóbulo Barbosa
Leão, em Laranjeiras. No início, foi difícil a adaptação, porque tinha que pegar ônibus para chegar lá, mas depois virou rotina. No ponto de ônibus, conheci minha melhor amiga, Állya Angélica Barbosa Dantas. Aos finais de semana, trabalhava, voluntariamente, em um salão de beleza do meu bairro, Portal de Jacaraípe. No ano seguinte, comecei a estagiar na Reframax Ltda, dentro da área da CST. Lembro-me que no terceiro dia de trabalho, fui atropelada, lá perto do Parque Moscoso, no centro de Vitória, foi o pior dia de minha vida, pensei que iria morrer ou ficar inválida.
Comecei a fazer um curso de informática, também na mesma época, em 2005, mas desisti, estava ficando muito cansada. Comecei a fazer curso no COEP e atendimento ao cliente no Data Control. Consegui concluir os dois. No momento que estagiei, adquiri muita experiência e momentos foram inesquecíveis, guardo uma agenda comigo em que lá revelo como eram todos os meus dias na empresa. O ano de 2006 foi um ano que me marcou muito, pois ganhei um presente de tamanho indefinido. Minha irmã Agatha, a quem dedico minhas memórias e minha vida!
Confesso que ter uma irmã, aos 16 anos, não foi muito esperado. A idéia, a princípio foi desesperadora, mas eu tinha que ajudar minha mãe, ela só pensava em aborto, porque acreditava que estava velha demais e sem condições físicas, psicológicas e financeiras de educar uma criança.
No mesmo ano, fiz um curso de pequenos socorros no SENAC. Após quase dois anos de dedicação aos estudos e ao trabalho, terminei o ensino médio e me dediquei somente a minha irmã. Em abril de 2007, comecei a fazer o pré vestibular, mas nem fui até o final, porque em agosto, tentei a prova do CEFETES e passei no curso de Automação Industrial integrado ao PROEJA. E por incrível que pareça, eu estudo com a minha melhor amiga, Angélica! Ainda, nessa instituição, entrei para o coral e permaneci nele por quase o 1º semestre inteiro, mas estava muito cansativo, desisti.
No ano de 2008, meus pais quase se divorciaram, foi um impacto muito
grande, refletindo nos meus estudos. Minhas notas foram caindo e pensei
até em desistir do CEFETES. Minha mãe queria que eu tivesse parado de estudar para trabalhar, isso me perturbava muito e perturba até hoje.
No final do ano de 2008, fiz uma viagem para o Rio de Janeiro com Angélica. Foi incrível, depois de cinco anos sem férias e muito menos viagens, eu voltei à minha terra e revi todos os meus amigos. Não fiquei emocionada e sim chocada de ver e saber coisas de cinco anos atrás. Até hoje não consegui parar para chorar, recordando dos momentos no Rio. Eu e Angélica estamos com planos de voltar lá, no Rio de Janeiro, em julho e de ir a Belo Horizonte, em dezembro. Mas por enquanto são só ideias.
Depois entrei para o curso de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e o concluí. Ingressei na Orquestra e estou até hoje, fazendo estudos musicais, e pretendo seguir adiante com a música em minha vida. No semestre que vem, passarei a ter experiência com o saxofone. Atualmente, estou no programa da Junior Achievement. Antes, eu pensava que estudava até entrar em uma instituição federal, por isso tentei conciliar e tento até hoje, meu estudo de espanhol e alemão.
Semestre que vem 2009/2 mudarei de unidade, irei para o Campus Serra, onde darei início ao curso técnico. Em dezembro deste ano, minha família se mudará para um apartamento aqui perto, em Castelândia…
Organizador: Mateus e Silva Ferreira
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